Como poupar dinheiro: 15 razões que te levam a gastos desnecessários

Todos nós em algum momento da nossa vida deixámos o orçamento familiar derrapar e aqueles dias até ao fim do mês parecem uma verdadeira maratona. O importante é que esta exceção não se torne regra e para tal, é importante compreender a razão ou razões por que acontece.
Em 2021, os rendimentos das famílias portuguesas convertidos sobre a forma de poupança ficaram substancialmente abaixo da média da União Europeia, onde a poupança média foi de 16.9% – dados do gabinete de estatísticas da União Europeia.
Todos sabemos (e sentimos) que o ano de 2022 veio baralhar as contas em muitos sentidos, mas principalmente, na carteira. O dinheiro com que contávamos para as despesas da casa tende a ser cada vez mais curto devido à subida da inflação e ao aumento drásticos dos preços que se refletem nas mais pequenas coisas do quotidiano como é o caso das compras de supermercado.
Poupar é uma missão cada vez mais complicada e a verdade é que Portugal ocupa o 5º lugar de países que menos poupam na UE, tendo uma taxa de poupança de apenas 9,8%.
Se queres ou precisas de começar a poupar dinheiro e perceber o que te leva a gastar mais do que devias mensalmente, fica atento a estas dicas.
Poupar dinheiro tem vantagens
Poupar é benéfico. Basta olhar para os imprevistos que vão acontecendo ao longo do ano, como uma avaria do carro, ou até uma conta extra que não estava prevista, e percebe-se de imediato a necessidade de ter algumas poupanças de parte para fazer face a situações inesperadas.
A verdade é que poupar permite ter liberdade financeira, evitar muitas vezes soluções rápidas como o recurso a um crédito pessoal, permite realizar objetivos e até investir em soluções onde o dinheiro trabalhe para ti.
Mas, para poupar dinheiro é preciso saber onde realmente estão os gastos e fazer controle de despesas.
Porque não consigo poupar dinheiro?
Em primeiro lugar, poupar dinheiro não deve ser visto como uma obrigação, mas sim como uma forma positiva de atingir objetivos, e como forma de fazer face a momentos difíceis ou inesperados. No entanto, para muitas pessoas poupar dinheiro é um desafio.
Grande parte das pessoas não fazem planeamento financeiro, ou acabam por ceder ao apelo de consumo. Outras, simplesmente compram por impulso, algumas ainda olham para a facilidade de crédito como algo positivo para poderem ter mais bens do que realmente necessitam, o que pode levar a um estrangulamento financeiro. São várias as razões que levam as pessoas a pouparem pouco – ou nada – mensalmente.
Para quem quer começar a poupar dinheiro, seguem-se algumas dicas para combater as principais razões que te levam a gastar mais do que podes. Inicialmente, podem parecer difíceis de implementar, no entanto, quando colocadas em prática, são relativamente simples e irão trazer vantagens a médio e longo prazo.
Falta de contabilidade pessoal
Para perceber onde realmente estás a gastar mais dinheiro do que é suposto e evitar a velha premissa de “salário ganho, salário gasto”, é essencial começar por organizar a casa. Ou seja, é fundamental organizar a contabilidade pessoal.
Registar as fontes de rendimento
As fontes de rendimento mensal são o que permitem a cada pessoa ter mais ou menos elasticidade financeira. Por isso é essencial, antes de tudo, saber o que realmente entra todos os meses. Só assim, é possível perceber todas as oportunidades desperdiçadas e começar a adaptar comportamentos de forma a melhorar a saúde financeira.
- Começa por perceber qual é o teu salário efetivo ao cêntimo. Inclui subsídios de alimentação, duodécimos de férias e natal (se for o caso). Isso vai permitir ter um maior controlo sobre as finanças e ajuda a refletir sempre que quiseres comprar coisas por impulso.
- Olha para as outras fontes de rendimentos mensais e inclui-as na folha de contabilidade pessoal também. Afinal de contas, apesar de não fazerem parte do salário mensal, são formas de rendimento, sejam elas um part-time, renda de algum imóvel, ou outra forma de rendimento.
Anotar os gastos mensais
À semelhança do controlo sobre rendimentos, é fundamental fazer um controlo de despesas mensais. É aqui que grande parte das pessoas falham e por isso acabam a gastar mais do que deveriam, comprometendo assim a poupança que podem fazer para atingir os seus objetivos.
Quanto ao registo de gastos, deves inclui tudo o que sai da tua conta seja para contas de luz, água, subscrições, crédito, despesa de transportes, subscrições mensais, jantares e lanches, ou seja, todas as despesas que te tiram dinheiro da retribuição mensal.

Como fazer o controlo mensal de gastos?
Para fazer a gestão financeira e respetivo controlo existem várias formas mas o essencial é sempre:
- Guardar sempre as faturas;
- Registar os valores gastos em excel ou num caderno. Em alternativa existem ainda aplicações de telemóvel que permitem fazer esta gestão mensal;
- Dividir as despesas em categorias como: “fixas” e “variáveis”. Dentro de cada uma delas deve-se ainda considerar subcategorias como por exemplo: “eletricidade”, “gás”, “alimentação” no caso das fixas e “viagens” ou “lanches e jantares” no caso das variáveis.
O importante é não esquecer de atualizar os gastos, preferencialmente, semana após semana, pois assim garante-se uma maior sensibilidade e evita-se gastar sem controlo.
A vantagem deste registo de gastos está na capacidade de perceber para onde vai o dinheiro mensalmente. Desta forma, é possível perceber quais as áreas que consomem a maior fatia do rendimento e colocar em prática ações de redução como renegociação de contratos, corte de serviços desnecessários ou até optar por serviços alternativos.
Não fazer um planeamento mensal de despesas
Com o passar do tempo é possível ser mais fiel ao orçamento definido, no entanto, numa fase inicial pode ser difícil seguir rigorosamente o budget mensal. Apesar disso, é bom definir este montante e tentar sempre ser o mais rigoroso possível, acrescentando algum valor extra.
Em meses que estimas gastar um pouco mais, como por exemplo, no Natal, deves incluir na mesma essas despesas e até estipular um valor médio por presente, sempre que possível.
Na definição de orçamento de despesas mensais podes e deves incluir valores de compras que vão para além das despesas fixas, tais como: roupa, compra de entradas para espetáculos, saídas, pequeno-almoço fora, entre outros.
Descurar a atualização do registo de despesas mensal
Para controlar é necessário atualizar e ser realista. Se, em algum momento, houver uma despesa que não estava prevista, não é necessário desesperar. Basta pensar onde é possível cortar, se possível – sempre sem comprometer as despesas fixas – para que não seja tão complicada a gestão no futuro.
O importante é ser realista, aceitar que há necessidade de efetuar cortes e fazê-los de forma ponderada para conseguir criar uma almofada financeira que permita parar de esperar que o final do mês chegue mais rápido.
Não definir um objetivo de poupança mensal
Analisar quais os tipos de despesas que consomem a maior parte do rendimento e se de facto estas são essenciais, ou se são apenas gastos que passam despercebidos.

Utilizar o cartão de crédito sem pensar duas vezes
É certo que para algumas pessoas o cartão de crédito facilita a aquisição de alguns bens. No entanto, vale sempre a pena refletir se realmente a utilização deste tipo de cartão é benéfica e se pode ser reduzida.
Manter gastos desnecessários
Se o foco é poupança, então todos os gastos extra que possam ser eliminados devem ser eliminados. Neste ponto, caso existam subscrições de serviços streaming que não são utilizadas frequentemente, assinaturas de serviços premium que já não fazem falta e até aplicações que se pagam mas não se utilizam com frequência, o ideal é cortar.
Por exemplo, no caso de quem tem um serviço de streaming com o valor mensal de 16.99€, e este não é utilizado, isto tem um impacto financeiro de 203.88€ por ano. Por certo este montante seria interessante para usufruir de umas miniférias ou para comprar presentes de Natal invés de estar a ser desperdiçado num serviço não usado.
Não planear as refeições
Para além de ser uma estratégia para ajudar a fazer boas escolhas nutricionais, o planeamento de refeições pode ser altamente benéfico para a carteira.
Quando se faz uma definição de refeições semanais consegue-se ter ideia do que irá ser necessário, das quantidades e evitar desperdício. Consequentemente, fazer as quantidades certas é sinónimo de comprar apenas o necessário e poupar dinheiro.
Almoçar fora em vez de preparar marmitas
As marmitas nunca saem de moda e ajudam, tal como o planeamento de refeições, a ter uma alimentação mais saudável e a controlar custos.
A verdade é que quando se fazem refeições fora acaba-se sempre por gastar mais dinheiro do que se levar almoço de casa para o trabalho.
Além disso, levar lanches de casa para os momentos de pausa é uma excelente forma de poupar algum dinheiro. Se em média gastar 2€ por cada lanche, e fizer um de manhã e um de tarde, são 4€ por dia. No final de um mês com 22 dias de trabalho, só em lanches gasta-se cerca de 44€.

Ir ao supermercado sem lista de compras
Pode parecer clichê mas a verdade é que, por norma, ao ir ao supermercado sem uma lista de compras definida acabamos por comprar sempre mais e, por vezes, sem necessidade.
Preparar uma lista de compras com os elementos essenciais para as refeições e lanches que se pretende fazer no trabalho é uma grande ajuda para controlar custos.
Fazer compras por impulso
Quem nunca comprou algo sem pensar duas vezes, e sem refletir o verdadeiro peso da compra no orçamento mensal, que se acuse.
É normal ser inundado de boas promoções e campanhas publicitárias que induzem a compras por impulso. O ideal é pensar que, se o item não está na lista, é porque realmente não faz assim tanta falta como pensamos.
Não procurar renegociar dívidas
Para quem tem crédito este é um ponto sobre o qual se deve ter especial atenção. Em primeiro lugar, é bom perceber qual a taxa de esforço que se tem com este tipo de compromisso. Para além disso, para evitar incumprimento é fundamental conseguir fazer uma boa gestão de rendimentos e ter poupanças disponíveis.
A renegociação de crédito habitação, por exemplo, pode ainda ser vantajosa para quem já tem algumas poupanças que permitem liquidar o montante na totalidade. Claro que tudo isso deve ser pensado, analisado e perceber o real impacto na economia pessoal.
Manter-se na mesma operadora sem negociar o contrato
Se a fatura da eletricidade é elevada e leva uma boa parte do rendimento disponível, o ideal é perceber quais as fornecedoras concorrentes no mercado, quais as condições que estas oferecem e que podem ser benéficas para a saúde financeira e perceber se vale a pena mudar ou renegociar o contrato que tens.
No caso, a renegociação não deverá ser pensada apenas para este tipo de operadora, mas sim para todas com quem tem contratos de: água, gás, comunicações, tendo sempre atenção às cláusulas contratuais.
Ser fiel a marcas em vez de comparar preços
Fiel a marcas específicas? E que tal procurares o produto que pretendes comprar, analisar qual o preço que várias marcas apresentam para o mesmo produto, e perceber se realmente compensa comprar na marca?
Com o acesso às tecnologias é cada vez mais fácil fazer este tipo de comparação. Existem já várias plataformas que permitem esse serviço e, para além disso, os motores de busca apresentam diversos tipos de conteúdos que ajudam a perceber se os produtos têm ou não diferenças e funcionalidades acentuadas entre si.
Não procurar novas fontes de rendimento extra
Para quem procura aumentar a poupança, uma boa solução para fazer face a este desafio é apostar numa nova fonte de rendimento.
Existem algumas pessoas que conseguem desenvolver outras atividades para além do horário laboral. Estar atento ao mercado de trabalho é fundamental para quem quer encontrar um part-time para obter um novo rendimento.

Ignorar que é essencial apostar na educação financeira
Por último, esta é uma das razões que te levam a gastar mais do que podes. A educação financeira é um dos principais pilares para obter sucesso no momento de pensar antes de agir, e de poupar em vez de gastar.
Para poupar, precisas de te educar financeiramente, ter consciência dos gastos, rendimentos e, mensalmente, procurar soluções que te ajudem quer no presente quer no futuro.
São muitas as soluções de poupança existentes, que vão para além de uma simples conta-poupança. Os PPR, por exemplo, são uma das soluções que permite otimizar os rendimentos, mas existem muitas outras.
Qual o montante ideal para iniciar uma poupança?
Num cenário ideal, o montante poupança mensal seria o máximo possível, no entanto, não podemos esquecer que existem vários fatores a ter em conta como as despesas fixas. Por isso, o ideal é optar por alguma estratégia de poupança como por exemplo a regra 50, 30, 20.
Em resumo, a ideia deste truque é alocar 50% do rendimento a despesas fixas, atribuir 30% dos rendimentos mensais para gastos indiscriminados e os restantes 20% devem guardados numa poupança.
Assim sendo, o montante ideal de poupança varia mediante o nível de rendimento auferido uma vez que 20% de 700€ é diferente de 20% de 1000€. Mesmo assim, se tudo for bem planeado e os gastos devidamente controlados, existe margem para uma boa poupança anual.
Fonte: https://www.idealista.pt/news/financas/lar/2022/12/23/55348-como-poupar-dinheiro-15-razoes-que-te-levam-a-gastos-desnecessarios